• Nós O amamos porque Ele nos amou primeiro.

  • Do Senhor é a terra, e todos que nela habitam.

  • O futuro é tão promissor quanto as promessas de Deus.

  • Nossa missão. Alcançar o mundo.

  • O louvor é a essência da adoração a Deus.

Âncora

Devocionais fáceis de usar

  • O Chamado Contracultural do Cristianismo

    Tesouros

    [The Countercultural Call of Christianity]

    Jesus, ao ser interpelado por Pilatos se era rei, respondeu que Seu reino “não é deste mundo” e não se origina “daqui” (João 18:36). Disse a Seus seguidores: “Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi, tirando-os do mundo…” (João 15:19). Os cristãos nasceram de novo em Seu reino, que “não é deste mundo”, e “nossa cidadania está nos céus” (Filipenses 3:20). 

    Como cristãos, somos chamados a estar “no mundo”, mesmo não sendo “do mundo” (João 17:14-16), para que possamos brilhar com Sua luz às pessoas ao nosso redor. Através da nossa vida, de nossos testemunhos e de nossas ações, queremos que as pessoas entendam que somos “diferentes”, para que sejam atraídas a Deus e ao Seu amor e verdade brilhem através de nós (Mateus 5:16). 

    O Sermão da Montanha, o maior sermão já pregado, mudou o mundo para sempre, ensinando verdades contrárias aos costumes do mundo. Foram as palavras de Jesus a Seus discípulos, antes de subir uma montanha pela última vez, o Monte Calvário, no Gólgota, para morrer pelos pecados do mundo. Três dias depois, Jesus ressuscitou e apareceu a Seus discípulos. Nessa ocasião, os incumbiu de pregar e testemunhar dEle, anunciando as boas novas de que todo aquele que nEle crê recebe perdão dos pecados por meio do Seu nome (Atos 10:40–43). 

    Os discípulos nunca mais foram os mesmos após ouvirem esse sermão. Foi a voz de Deus ensinando verdades que cumpriam tudo o que estava registrado nas Escrituras. Os ensinamentos de Jesus contrastavam radicalmente com o mundo da época, dominado pelo poderoso Império Romano, que conquistara também a sua região.

    Na montanha, Jesus ensinou: “Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o reino dos céus” (Mateus 5:3). Pessoas comuns — pelo menos quatro delas pescadores — ouviram um carpinteiro anunciar verdades sobre um reino maior que o Império Romano, que governará o universo. 

    “Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados” (Mateus 5:4). Mais abençoados os que têm problemas e tristezas do que poder e prosperidade? Sim, pois os que vivem para o reino de Deus serão consolados.

    “Bem-aventurados os mansos, pois herdarão a terra” (Mateus 5:5). Os mansos não revidam com violência, mas suportam as dificuldades da vida através da fé, por isso serão abençoados no próximo mundo. “Se morrermos com ele, também com ele viveremos; se sofrermos, também com ele reinaremos” (2 Timóteo 2:11,12). Os pobres em espírito, os mansos e os que choram herdarão a terra. 

    “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos” (Mateus 5:6). Todos que buscam a verdade, bondade e justiça “serão satisfeitos” ao buscar a Deus, pois só nEle essas virtudes são plenamente encontradas. “Encheu de coisas boas os famintos, mas despediu de mãos vazias os ricos” (Lucas 1:53).

    “Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus. Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5:7–9). Jesus é o Príncipe da Paz, cuja vinda foi profetizada muito antes de Seu nascimento (Isaías 9:6). Ele é nossa paz e “pregou paz” a todos — “aos que estavam longe e aos que estavam perto” (Efésios 2:14–17). Seus seguidores são chamados a compartilhar “o evangelho da paz” (Efésios 6:15), pois “o fruto da justiça semeia-se em paz para os pacificadores” (Tiago 3:18). 

    “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o reino dos céus” (Mateus 5:10). Aqueles que rejeitam a verdade podem se opor e até perseguir o cristão durante a semeadura do Evangelho. “Neste mundo, vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo” (João 16:33).

    Portanto, “alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a recompensa de vocês nos céus” (Mateus 5:12). Talvez não recebam uma recompensa nesta vida por serem fiéis a Cristo e testemunharem, mas o Senhor prometeu que terão a Sua paz e alegria (João 14:27; 15:11).

    O único caminho

    Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, a não ser por Mim” (João 14:6). Ficou claro que Ele é o único caminho para a salvação; Ele é a única verdade e a rota para a vida eterna. “Entrem pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela. Como é estreita a porta, e apertado o caminho que leva à vida! São poucos os que a encontram” (Mateus 7:13,14). 

    A história registra repetidas vezes a capacidade do ser humano de causar destruição aos seus semelhantes e à Terra. O filósofo alemão, Hegel, disse: “A única coisa que aprendemos com a história é que não aprendemos com ela”. A desumanidade, desigualdade e destruição se repetem ao longo dos séculos.

    Quando os que estão no poder são expostos por seus pecados de corrupção, mentira, ganância, opressão e exploração do ser humano, tentam justificar o injustificável e abafar a voz da verdade. Os primeiros mártires cristãos foram difamados e executados por Nero, acusados de serem uma ameaça ao Império Romano. O Império, porém, ruiu. Seus cidadãos foram conquistados pelo amor e paz dos perseguidos, resultando na conversão de muitos à fé ao cristianismo.

    A história está repleta de pessoas que ousaram desafiar o status quo, rejeitaram valores politicamente corretos, defenderam causas impopulares ou foram além do dever. Elas se posicionaram pela verdade sem se importar com as narrativas dominantes ou normas. A Bíblia diz: “Aqueles que são sábios reluzirão como o brilho do céu, e aqueles que conduzem muitos à justiça serão como as estrelas, para todo o sempre” (Daniel 12:3). 

    Impérios vêm e vão. As obras da grandiosa Grécia transformaram-se em ruínas; a glória de Roma desvaneceu-se... mas quem faz a vontade de Deus permanece para sempre (1 João 2:17). Sabemos que “tudo o que Deus faz permanecerá eternamente; nada se pode acrescentar ou tirar” (Eclesiastes 3:14).

    No mundo todo existem ruínas de grandes construções. Enquanto isso, vemos a alternância constante dos poderes na história, um poder construindo, outro destruindo; um edificando, o outro demolindo. Todo reino ou império desapareceu, deixando apenas vestígios do passado e escombros e ruínas ao longo dos séculos. Todos foram substituídos por uma nova edificação, lembretes da efemeridade humana em contraste com a eternidade de Deus e Seu reino.

                  

    Focando no eterno

    Deus age continuamente no universo, promovendo mudanças em toda a criação. Ele é dinâmico e imutável: “Eu sou o Senhor e não mudo” (Malaquias 3:6); Sua Palavra é eterna: “Para sempre, Senhor, a Tua palavra permanece no céu” (Salmo 119:89); e Seus planos futuros, as promessas de vida eterna, são firmes. “Porque a vontade de meu Pai é que todo o que olhar para o Filho e nele crer tenha a vida eterna” (João 6:40).

    Independentemente das mudanças ao nosso redor ou nas nossas circunstâncias, na guerra ou paz, na vida ou morte, “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre” (Hebreus 13:8). Como expressa o hino:

    Comigo habita, ó Deus, a noite vem!
    As trevas descem, eis, Senhor, convém
    Que me socorra a Tua proteção!
    Ó, vem fazer comigo habitação.
    —Henry Francis Lyte, 1847

    A Bíblia nos exorta a manter o pensamento nas coisas do alto, o reino dos céus, não nas coisas terrenas (Colossenses 3:2). Devemos fixar os olhos “não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno” (2 Coríntios 4:18).

    Desde o início dos tempos, os filhos de Deus buscam um mundo invisível, “a cidade que tem alicerces eternos, planejada e construída por Deus” (Hebreus 11:10). “Embora não tenham recebido todas as coisas que lhes foram prometidas, as avistaram de longe… reconheceram que eram estrangeiros e peregrinos neste mundo. Por isso Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, pois lhes preparou uma cidade” (Hebreus 11:13–16).

    Essa é a esperança de todas as eras: o reino dos céus, onde viveremos com Deus eternamente, descrito em Apocalipse 21 e 22. Jesus ensinou Seus seguidores a orar: “Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mateus 6:10). Nós aguardamos o dia em que “o reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre” (Apocalipse 11:15). 

    Portanto, “busquem em primeiro lugar o Reino de Deus” (Mateus 6:33). Não devemos buscar as coisas efêmeras deste mundo, mas o reino eterno, do qual somos pedras vivas em uma casa espiritual (1 Pedro 2:5; 2 Coríntios 5:1).

    Cada alma humana é eterna e uma obra-prima de Deus, que sobreviverá a todos os impérios, potências, edificações e avanços científicos e tecnológicos. “Somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras” (Efésios 2:10). O chamado de Jesus é: “Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas” (Marcos 16:15) e nos pede para lhes oferecer a oportunidade de ingressarem no Seu reino. (Marcos 16:15; Lucas 14:23).

    Publicado no Âncora em junho de 2025.

  • Jun 3 Como Crescer Espiritualmente
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Espaço dos Diretores

Estudos bíblicos e artigos para edificação da fé

  • 1 Coríntios: Capítulo 11 (versículos 2–16)

    [1 Corinthians: Chapter 11 (verses 2–16)]

    Esta próxima seção da primeira carta de Paulo aos coríntios trata das relações entre homens e mulheres e das expectativas culturais na Corinto do primeiro século. A relação entre maridos e esposas é apresentada no contexto de um mundo de dois mil anos atrás e seus costumes. Atualmente, o papel da mulher, as normas contemporâneas relacionadas à vestimenta e a compreensão da igualdade entre os sexos são bastante diferentes. No entanto, o comentário escrito por Paulo àqueles que viviam naquela época reflete as atitudes e expectativas daquele período.

    “Eu os elogio por se lembrarem de mim em tudo e por se apegarem às tradições, exatamente como eu as transmiti a vocês.”(1 Coríntios 11:2)

    Provavelmente os coríntios se sentiram aliviados ao ouvirem essas primeiras palavras de Paulo, elogiando-os por se lembrarem dele em tudo. Ele demonstrava satisfação pelo fato de que muitos de seus ensinamentos estavam sendo seguidos pelos fiéis. O apóstolo elogiava a igreja de Corinto por respeitarem os ensinamentos, as tradições —isto é, os ensinamentos orais sobre Jesus que lhe foram transmitidos pelos primeiros discípulos, como Pedro, e que ele (Paulo), por sua vez, repassara a eles.

    Neste capítulo, Paulo trata de uma questão controversa que era o fato de alguns membros da igreja em Corinto rejeitarem a prática de mulheres casadas cobrirem a cabeça durante a adoração em público. Paulo sabia que muitos seguiam essa norma cultural da época, mas sentiu a necessidade de explicar por que todos deveriam mantê-la. Sua preocupação era com a maneira como homens e mulheres se relacionavam nos momentos de adoração em público e como isso seria interpretado por pessoas de fora da igreja. Ele também focalizou a oração e a profecia, a pregação e o ensino da Palavra de Deus (1 Coríntios 11:4–5), que ocorriam quando os crentes se reuniam.

    Quero, porém, que entendam que Cristo é o cabeça de todo homem, o homem é o cabeça da mulher, e Deus é o cabeça de Cristo. (1 Coríntios 11:3)

    Aqui, Paulo descreve três formas de liderança ou autoridade: Cristo é o cabeça de todos os homens; o marido é o cabeça da esposa; Deus é o cabeça de Cristo. No entanto, Paulo não especifica aqui os papéis de cada um.

    Os gregos antigos frequentemente usavam o termo “cabeça” ao se referirem à origem de algo, como lemos no versículo em que Paulo diz que “o homem não se originou da mulher, mas a mulher do homem” (1 Coríntios 11:8). Alguns intérpretes acreditam que, neste caso, a palavra cabeça significa a “fonte”, como a nascente de um rio. Por esse prisma, Cristo é a origem dos seres humanos do sexo masculino, pois criou Adão do pó da terra (Gênesis 2:7). Já o homem, por sua vez, é a origem da mulher, já que Eva foi criada a partir de Adão (Gênesis 2:22). E Deus Pai é o cabeça de Cristo porque Jesus veio do Pai (João 16:27–28).

    Outros estudiosos entendem que cabeça indica uma cadeia de comando que começa a autoridade de Deus Pai sobre Cristo, Cristo sobre maridos, e estes sobre suas esposas.  Essa interpretação se baseia principalmente no uso do termo cabeça no termo em hebraico usado no Antigo Testamento, em relação a liderança ou autoridade.

    Todo homem que ora ou profetiza com a cabeça coberta desonra a sua cabeça, (1 Coríntios 11:4)

    Paulo primeiro se dirige aos homens, afirmando que todo homem que ora ou profetiza com a cabeça coberta desonra a Cristo, que é seu cabeça. No Império Romano, como era comum os homens cobrirem a cabeça com a capa ao participarem de cultos pagãos, é possível que esse costume tenha chegado a Corinto e que, pela origem, Paulo o condenasse.

    Paulo provavelmente no mínimo advertiu os crentes contra essa prática na igreja. Um homem adorar Cristo com a cabeça coberta era trazer para o culto cristão uma prática pagã, ou seja, misturar costumes de religiões falsas com a adoração de Cristo e assim desonrá-lO. No texto, Paulo não está apresentando um mandamento universal, mas uma recomendação específica aos coríntios para evitarem associações com práticas pagãs, como já fizera em capítulos anteriores.

    [...]e toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta desonra a sua cabeça, pois é como se a tivesse rapada. Se a mulher não cobre a cabeça, deve, então, cortar o cabelo. E, se é vergonhoso para a mulher ter o cabelo cortado ou rapado, que ela cubra a cabeça. (1 Coríntios 11:5–6)

    Falando especificamente das esposas, Paulo afirma que elas podiam orar ou profetizar no culto público. Embora não permitisse que mulheres fossem ordenadas como pastoras, anciãs ou mestres (1 Timóteo 2:12), Paulo não proibia as mulheres de proclamar a verdade da Palavra de Deus, nem de orar e profetizar durante o culto público.

    Contudo, ele insistia que, ao orar ou profetizar em público, a mulher deveria cobrir a cabeça. À época, entendia-se que uma mulher falar em um culto de adoração com a cabeça descoberta, desonrava sua cabeça. Ao se referir à cabeça física da mulher, é provável que Paulo estivesse indicando que ela estaria desonrando o marido — identificado no versículo 3 como o cabeça da esposa. Paulo argumenta que, se seria vergonhoso para uma mulher ter a cabeça raspada, então ela deveria cobrir a cabeça ao participar do culto.

    O homem não deve cobrir a cabeça, visto que é imagem e glória de Deus; mas a mulher é glória do homem. (1 Coríntios 11:7)

    Paulo sustenta sua posição com as Escrituras. Ele declara que o homem não deve cobrir a cabeça, pois é imagem e glória de Deus. Em Gênesis, lemos que Adão e Eva foram criados à imagem de Deus (Gênesis 1:27).

    O que Paulo quer dizer que o homem é a imagem de Deus em comparação com a mulher? Provavelmente está ensinando que Adão tinha uma condição especial (glória) na imagem de Deus, por ter sido criado primeiro. Foi formado diretamente do pó da terra, enquanto Eva foi criada a partir do corpo de Adão. Essa sequência conferia a Adão — e, por extensão, aos homens — um papel distinto ao da mulher. Por óbvio, o mundo mudou desde os tempos de Paulo e as expectativas culturais do papel de homens e mulheres se transformaram desde então. Mesmo afirmando que mulheres e homens desempenham papéis diferentes, Paulo defendia a igualdade entre os dois sexos, como vemos em Gálatas 3:28: “Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus”.

    O teólogo Wayne Grudem comenta:

    “Quando Paulo diz, em 1 Coríntios 11:7, que ‘o homem não deve cobrir a cabeça, visto que é imagem e glória de Deus; mas a mulher é glória do homem’, ele não está negando que a mulher foi criada à imagem de Deus. Está apenas dizendo que há diferenças duradouras entre homens e mulheres que devem ser refletidas na maneira como se vestem e agem na congregação reunida. [...] Ainda assim, Paulo enfatiza a interdependência entre os dois (veja 1 Coríntios 11:11-12).”1

    Ao declarar que a mulher é a glória do homem, Paulo não sugere que ela não seja também a glória de Deus, pois toda a criação glorifica a Deus (Romanos 11:36).  Ele provavelmente quis dizer que a mulher é a glória do homem e de Deus. Dizem que as mulheres são a glória de seus maridos por isso ser um dos papéis singulares delas na ordem da criação. Em Gênesis 2, Deus criou Eva para possibilitar à humanidade o cumprimento da tarefa dada a Adão, pelo que Eva é apontada como “alguém que o auxilie e lhe corresponda” (Gênesis 2:18). A palavra hebraica traduzida para auxiliadora ou ajudadora (dependendo da versão) não tem o sentido de “inferior”, mas de parceria ou assistente. Eva foi a glória de Adão, de uma maneira muito especial.

    Pois o homem não se originou da mulher, mas a mulher do homem; além disso, o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem. (1 Coríntios 11:8–9)

    Paulo continuou sua explicação de que a mulher é a glória do homem, recorrendo a outro aspecto da criação. Lembra aos leitores que o homem não veio da mulher nem foi criado para a mulher. Com isso indicou que os maridos não são a glória das esposas, mas que a mulher veio do homem e para ele foi criada. Por ter siso criada do homem e para o homem, uma esposa deve trazer glória ao marido.

    Leon Morris comenta:

    “Paulo deixa claro que seu discurso não defende uma submissão indevida da mulher. Existe uma parceria entre os sexos, e, no Senhor, um não existe sem o outro. [...] O homem não deve exagerar a importância de ter sido criado primeiro. Há uma igualdade fundamental.”2

    Por essa razão, e por causa dos anjos, a mulher deve ter sobre a cabeça um sinal de autoridade. (1 Coríntios 11:10)

    Esse versículo é de difícil interpretação. Não está claro o que exatamente seria o “sinal de autoridade” nem o que Paulo quis dizer com “por causa dos anjos”. Nenhum do material de pesquisa que usei na produção deste artigo ofereceu uma explicação clara sobre esta passagem e as interpretações oferecidas se contradiziam. Como os leitores originais provavelmente compreendiam o sentido, o qual não está claro hoje, pelo menos para mim, decidi que seria melhor não incluir nenhum comentário a respeito.

    No entanto, no Senhor, a mulher não é independente do homem, nem o homem independente da mulher. Pois, assim como a mulher provém do homem, também o homem nasce da mulher. Mas tudo provém de Deus. (1 Coríntios 11:11–12)

    Depois de esclarecer as responsabilidades de maridos e esposas relacionadas à prática de cobrir a cabeça na adoração, Paulo demonstra preocupação de que a interpretação equivocada de seus argumentos distorcessem o entendimento de como homens e mulheres devem se relacionar. Por isso, traz esclarecimentos que começam com no entanto. Além disso, escolheu utilizar a expressão no Senhor, usada em outras passagens para identificar pessoas no corpo de Cristo (Romanos 16:8, 1 Coríntios 4:17). Paulo deixou claro que tais suposições não tinham respaldo em seus ensinamentos.

    O apóstolo destacou dois pontos. No primeiro, salienta que maridos e esposas são interdependentes. Reafirmou que a mulher (esposa) não é independente do homem (marido), um princípio evidente neste capítulo dos versículos 3-10. A autoridade dela sempre teve a finalidade de complementar a do homem, pelo que não deve se ver como autônoma. Em seguida, Paulo acrescentou que o homem (marido) não é independente da mulher (esposa). Os maridos não devem pensar que sua posição de cabeça seja sinônimo de independência ou superioridade em relação às esposas.

    Para fundamentar essa afirmação, Paulo se referiu à interdependência entre homem e mulher. Enquanto a mulher veio do homem quando Eva foi feita da costela de Adão (Gênesis 2:22), também é verdade que o homem nasce da mulher. O fato de todo homem ter uma mãe fala contra a tentação de qualquer homem de pensar em si mesmo como livre das obrigações de honrar as mulheres. "Honra teu pai e tua mãe, como te ordenou o SENHOR, o teu Deus, para que tenhas longa vida e tudo te vá bem na terra que o SENHOR, o teu Deus, te dá" (Deuteronômio 5:16)

    Julguem entre vocês mesmos: é apropriado que uma mulher ore a Deus com a cabeça descoberta? (1 Coríntios 11:13)

    Com essas palavras, Paulo não estava encorajando os coríntios a ignorar seu ensino, mas que não deveriam obedecer cegamente às suas instruções e deveriam pensar sobre as coisas. Disse isso porque estava convencido de que os crentes em Corinto eram capazes de pensar corretamente sobre essa questão e esperava que chegassem às suas conclusões. Paulo lhes apresentou o assunto e perguntou se entendiam ser apropriado que as mulheres orassem em adoração pública com a cabeça descoberta. Optou por argumentar a partir do que era apropriado em vez do que era certo ou errado. Apelou para as próprias noções dos coríntios e, conhecendo a visão de mundo daqueles seguidores, esperava que eles concordassem com sua posição.

    A própria natureza das coisas não lhes ensina que é desonroso para o homem ter cabelo comprido, enquanto para a mulher é uma glória? Pois o cabelo lhe foi dado como véu. (1 Coríntios 11:14–15)

    Esta parte do argumento de Paulo é difícil de entender. Continuou a expressar sua posição em relação às coberturas de cabeça das mulheres casadas, apresentando outra pergunta, pedindo-lhes que considerassem as normas culturais em relação ao comprimento do cabelo para homens e mulheres. O significado exato da pergunta, no entanto, é intrigante. Várias explicações foram apresentadas, embora nenhuma pareça adequada.

    Paulo esperava que os coríntios reconhecessem que os homens deveriam ter cabelos curtos e as mulheres cabelos longos, provavelmente por causa das normas culturais da época em Corinto. Ele também esperava que entendessem que a glória do cabelo comprido das mulheres afirmava a prática de mulheres casadas cobrirem a cabeça no culto público. A cobertura da cabeça de uma mulher na sociedade romana do primeiro século era um sinal de que eram casadas e uma expectativa cultural para as esposas da época.

    Se alguém quiser fazer polêmica sobre esse assunto, saiba que nós não temos esse costume, nem as igrejas de Deus. (1 Coríntios 11:16)

    Paulo esperava resistência à sua proposta. Admitiu que alguns crentes coríntios, homens e mulheres discordariam. Em vista disso, procurou resolver a questão ressaltando que aquela não era uma prática típica da igreja, ao dizer não temos esse costume. Paulo expressou com isso que ele, outros líderes da igreja e as próprias igrejas de Deus tinham como prática as mulheres cobrirem a cabeça no culto público.

    Um comentarista faz a seguinte reflexão sobre a aplicação da primeira metade de 1 Coríntios 11 passagem:

    “Esta seção da carta levanta a persistente pergunta sobre como os costumes sociais se relacionam com a moralidade e a prática cristã. Por trás de tudo o que Paulo diz está o princípio de que os cristãos devem sempre agir de forma ordeira: ‘Tudo, porém, seja feito com decência e ordem’ (1 Coríntios 14:40). A aplicação desse princípio, no século I, em Corinto, exigia que as mulheres cobrissem a cabeça durante o culto. O princípio em si permanece válido, mas podemos entender que sua aplicação ao contexto contemporâneo não necessariamente produza os mesmos resultados. Em outras palavras, à luz de nossos costumes sociais totalmente distintos, pode-se argumentar que seguir esse princípio hoje não exige que mulheres, no Ocidente, usem chapéus ao orar.”3

    Como nota histórica, a Igreja Católica exigiu que as mulheres usassem véu durante a missa até 1983, quando essa prática foi oficialmente abolida.

    (Continua.)


    Nota
    A menos que indicado o contrário, todas as Escrituras foram extraídas da Bíblia Sagrada — Tradução Nova Versão Internacional (NVI).


    1 Wayne Grudem, Systematic Theology: An Introduction to Bible Doctrine (Zondervan, 1994), 457.

    2 Leon Morris, 1 Corinthians: An Introduction and Commentary, vol. 7, Tyndale New Testament Commentaries (InterVarsity Press, 1985), 153.

    3 Morris, 1 Corinthians: An Introduction and Commentary, 154–155.

  • Abr 28 1 Coríntios: Capítulo 10 (versículos 16–33)
  • Abr 8 1 Coríntios: Capítulo 10 (versículos 1–15)
  • Abr 1 1 Coríntios: Capítulo 9 (versículos 18-27)
  • Mar 23 1 Coríntios: Capítulo 9 (versículos 1–17)
  • Mar 3 1 Coríntios: Capítulo 8 (versículos 1–13)
  • Fev 20 1 Coríntios: Capítulo 7 (versículos 17–40)
  • Fev 5 1 Coríntios: Capítulo 7 (versículos 1-16)
  • Jan 24 1 Coríntios: Capítulo 6 (versículos 1–20)
  • Dez 23 Praticando Todas as Virtudes
   

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